Por que a busca desenfreada por estímulos pode roubar a felicidade da vida: Entenda o papel da Dopamina.
Porque as redes sociais, shopping on-line fazem mal?
Porque as redes sociais fazem mal? Você já sentiu aquela vontade irresistível de checar o celular apenas um minuto e meio após guardá-lo no bolso? Ou talvez tenha se visto comprando algo online, mesmo sabendo que não precisa, apenas porque estava em promoção? Esses momentos, cada vez mais comuns na vida moderna, podem estar roubando sua satisfação e bem-estar. A culpa? A dopamina, um neurotransmissor essencial, mas frequentemente mal compreendido.
O que é Dopamina e por que ela mata a satisfação?

livro ‘Nação Dopamina’
De acordo com a psiquiatra Anna Lembke, chefe da clínica de vícios da Universidade Stanford e autora do livro Nação Dopamina: Por Que o Excesso de Prazer Está Nos Deixando Infelizes e o que Podemos Fazer para Mudar (Editora Vestígio, 2022), a dopamina não é exatamente o “hormônio do prazer”, como muitos acreditam. Na verdade, ela atua como um estímulo reforçador, motivando-nos a buscar recompensas. Quando liberada, gera euforia e prazer, mas seu impacto vai muito além.
Por exemplo, estudos mostram que certas atividades e substâncias elevam os níveis de dopamina de forma significativa: chocolate aumenta em 55%, sexo em 100%, nicotina em 150%, cocaína em 225% e anfetaminas podem disparar até 1.000%. No entanto, o corpo humano sempre busca equilíbrio, ou homeostase. Após picos de dopamina, vem a “descida”: uma queda que não só retorna aos níveis normais, mas muitas vezes os ultrapassa, causando ansiedade, irritabilidade e até depressão.
A armadilha da tolerância e da tecnologia, porque as redes sociais fazem mal?
Com o tempo, o cérebro desenvolve tolerância. Isso significa que você precisa de doses cada vez maiores e mais frequentes de estímulos — sejam drogas, compras online, redes sociais ou notícias chocantes — para sentir o mesmo prazer inicial. Lembke alerta que a tecnologia e a abundância da era moderna transformaram quase todas as experiências humanas em potenciais vícios.
“As mídias sociais são conexões humanas em forma de droga”, explica a psiquiatra. Elas oferecem acesso fácil, quantidade ilimitada, grande potência e novidades constantes, condições perfeitas para disparar dopamina. O resultado? Pessoas passam de horrorizadas a entorpecidas, indiferentes ao sofrimento alheio, um sinal claro da natureza antissocial do vício.
A vida moderna e a fuga da dor
Lembke também critica a obsessão contemporânea por evitar a dor a qualquer custo. Seja através de medicamentos, distrações digitais ou comportamentos compulsivos, fugir do desconforto nos priva de experiências que fortalecem a mente. “Proteger as crianças de desafios ou usar remédios excessivamente para adaptar-se ao mundo moderno nos rouba a oportunidade de construir resiliência”, afirma.

Um exemplo prático que ela sugere é o banho gelado, uma técnica simples que confronta o desconforto e pode trazer benefícios, como melhora da circulação e alívio da depressão. Essa abordagem contrasta com a narrativa atual, que vê a dor — emocional, espiritual ou física — como algo a ser eliminado imediatamente.
Como reverter o ciclo da insatisfação?
Abrace o desconforto
A psiquiatra da Universidade Stanford acredita que a ideia de eliminar a dor a qualquer custo
como paradigma trouxe desvantagens para a sociedade.
Lembke se refere tanto à fuga automática de desconfortos como o tédio e a monotonia
quanto ao uso indiscriminado de medicamentos para combater a dor – algo que teve grande
papel na crise dos opioides, que vitimou centenas de milhares de norte-americanos nas
últimas décadas.
“Evitar a dor nos priva de experiências que constroem os calos mentais para encarar desafios
futuros. E eu falo de dor de uma forma ampla: emocional, espiritual, todos os diferentes tipos
de sofrimento físico e psicológico.”
A solução, segundo Lembke, não está em mais medicamentos ou estímulos, mas em mudar nossa relação com o mundo. Em vez de buscar prazer incessante, ela propõe abraçar o desconforto e reduzir a exposição a gatilhos de dopamina, como redes sociais e compras impulsivas. A psiquiatra admite que ela mesma enfrentou uma “fixação nada saudável” com livros eróticos, negligenciando família e trabalho. Compartilhar essa vulnerabilidade foi um risco, mas também uma lição: todos somos suscetíveis.
Conclusão, porque as redes sociais fazem mal?
Equilíbrio é o caminho
A busca desenfreada por estímulos pode parecer inofensiva, mas, a longo prazo, ela mina nossa capacidade de sentir prazer genuíno. Entender o papel da dopamina e aprender a conviver com o desconforto são passos essenciais para recuperar a satisfação na vida. Se você se identifica com esses hábitos, comece pequeno: limite o tempo nas redes sociais, experimente desafios como o banho gelado e priorize conexões reais. O equilíbrio não é fácil, mas é possível — e necessário.
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